1.
EDUCAÇÃO
INFANTIL COMO POLÍTICA EDUCACIONAL
Educar crianças é responsabilidade do Estado que pensa
no seu próprio futuro e desenvolvimento social por meio da educação, existe com
tudo uma discrepância legal presente na própria Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Que estabelece as Diretrizes e
Bases da Educação Nacional quando não torna legalmente obrigatória a Educação
Infantil em seu artigo 4º estabelecendo
atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a
cinco anos de idade acaba por “marginalizar” o aprendizado cognitivo da criança
quando esta chega a esta idade e tem sem qualquer base inicial sobre-si a
responsabilidade da vida escolar básica em um primeiro ano seja do ponto de
vista da mudança de ambiente, da rotina ou do novo convívio social para buscar
corrigir este equívoco legal. A emenda constitucional 59/2009 já
estabelece que, até 2016, todas as crianças a partir dos 04 anos deverão estar
matriculadas na escola. Indo além da questão do atendimento, para que as
medidas tenham impacto, é decisivo que a Educação Infantil ofertada seja de
alta qualidade. Para isso, é preciso contar com docentes qualificados
especificamente para atuar nessa etapa da Educação e avançar na discussão sobre
avaliações para essa faixa etária.
Trata-se ainda de uma questão social, pois muitos pais
saem para trabalhar e não tem onde deixar seus filhos e acabam vendo a educação
infantil como sendo apenas uma extensão de sua casa onde os educadores são
vistos erroneamente como “meras babas” por certo período do dia. Cabe, no
entanto ressaltar que esta faixa etária é do ponto de vista neurológico a qual
as crianças desenvolvem capacidades fundamentais, com base nas quais todas as
suas outras habilidades cognitivas serão construídas. Nesse sentido se por um lado,
ambientes positivos e oportunidades nessa faixa etária podem levar crianças ao
sucesso, o fracasso do Estado brasileiro em fornecer essas oportunidades pode
reduzir significativamente às oportunidades futuras de termos no Brasil do
futuro a produção de conhecimento em vistas de melhorar a vida das pessoas e
nos tornarmos de fato uma nação com mais Igualdade Social por meio da Educação.
Este texto introdutório
demonstra como a Educação Infantil ainda esta em construção no Brasil seja do
ponto de vista legal, estrutural ou como política educacional. De fato dados
comprovam de forma cabal que a demanda reprimida deste atendimento esta
presente em todas as regiões do Brasil, neste sentido existe uma meta do Plano
Nacional de Educação (PNE) Universalizar,
até 2016, o atendimento escolar da população de 4 e 5 anos, e ampliar, até
2020, a oferta de Educação Infantil de forma a atender a 50% da população de
até 3 anos.
No mapa abaixo pode ser verificado que o atendimento a
este público depende do compromisso de cada gestor em destinar e aplicar de
forma correta, responsável e visionaria os recursos recebidos. Na imagem acima,
vemos que doze estados brasileiros ainda atendem menos de 80% da população de 04
e 05 anos (em vermelho). Apenas três estados já atendem mais de 90% das
crianças nessa faixa etária (em azul): Ceará, Piauí e Maranhão.
Figura 1 Mapa Diagnóstico Com Relação Ao
Atendimento Da Educação Infantil No Brasil Ano Referência 2009.
No
mapa abaixo, temos o retrato da oferta de educação para as crianças de 0 a 3
anos. Nessa faixa etária, a meta não é universalizar, mas atender a 50% desse
grupo. Ainda assim, Santa Catarina, que é o estado com a maior taxa de
atendimento, atende hoje a 42% das crianças de 0 a 3. A maioria, 17 Estados,
atende entre 20 e 30% da população nessa faixa etária. E seis estados não
ultrapassaram ainda os 20% de atendimento.
Figura 2 Mapa Diagnostico com relação ao
atendimento da educação infantil ( 0 a 3 anos no Brasil) ano referencia 2009.
De acordo com o Pnad e IBGE universalizar o
atendimento dos alunos de 04 e 05 anos representa aumentar quase em um milhão,
o número de alunos atendidos nessa etapa. Atingir uma taxa de 50% de
atendimento para crianças de até 03 anos representa aumentar o atendimento em
cerca de 2,5 milhões de alunos. São grandes desafios, principalmente
considerando que o custo por aluno na Educação Infantil é muito superior ao das
outras etapas da Educação Básica, já que o número adequado de alunos por turma
para essa etapa é menor do que o adequado para outras etapas da Educação
Básica.
Talvez
justamente por essa razão não seja prioridade estabelecer de fato esta política
pública, pois o cumprimento desta meta exige investimentos fixos pesados, como
a construção de um grande número de creches, o que em grandes metrópoles pode
demandar um investimento muito alto ou até mesmo ser de difícil viabilidade. A
Educação Infantil pública é uma etapa sob responsabilidade quase que exclusiva
dos municípios, por isso, também é importante avançar sobre como será a
articulação entre o governo federal e os municípios visando o cumprimento
destas metas tendo em vista que muitos municípios não possuem arrecadação de
impostos suficientes e dependem para manutenção de serviços básicos de repasses
de verbas federais.
2. PARÂMETROS DE UM AMBIENTE ESCOLAR
HUMANIZADO
Quais são os critérios para
se avaliar a qualidade de uma creche ou de uma pré-escola? Como as equipes de
educadores, os pais, as pessoas da comunidade e as autoridades responsáveis
podem ajudar a melhorar a qualidade das instituições de educação infantil?
A instituição de educação
infantil deve estar organizada de forma a favorecer e valorizar essa autonomia
da criança. Para isso, os ambientes e os materiais devem estar dispostos de
forma que as crianças possam fazer escolhas, desenvolvendo atividades
individualmente, em pequenos grupos ou em um grupo maior. Os professores devem
atuar de maneira a incentivar essa busca de autonomia, sem deixar de estar
atentas para interagir e apoiar as crianças nesse processo como espero
demonstrar nos dados locais deste relatório de pesquisa.
Os professores devem ainda
planejar atividades variadas, disponibilizando os espaços e os materiais
necessários, de forma a sugerir diferentes possibilidades de expressão, de
brincadeiras, de aprendizagens, de explorações, de conhecimentos, de
interações. A observação e a escuta são importantes para sugerir novas
atividades a serem propostas, assim como ajustes no planejamento e troca de
experiências na equipe.
As definições e qualidades
dependem de muitos fatores: os valores nos quais as pessoas acreditam; as
tradições de uma determinada cultura; os conhecimentos científicos sobre como
as crianças aprendem e se desenvolvem; o contexto histórico, social e econômico
no qual a escola se insere. No caso específico da educação infantil, a forma
como a sociedade define os direitos da mulher e a responsabilidade coletiva
pela educação das crianças pequenas também são fatores relevantes.
Culturalmente se tem uma
concepção antiquada de que a educação das crianças é unicamente
responsabilidade da mãe e isto já esta a muito superado com a inserção da
mulher no mercado de trabalho que divide responsabilidades com o pai e em
algumas situações o homem passa a desempenhar as funções antes “exclusivamente
femininas”.
Sendo assim, a qualidade
pode ser concebida de forma diversa, conforme o momento histórico, o contexto
cultural e as condições objetivas locais. Por esse motivo, o processo de
definir e avaliar a qualidade de uma instituição educativa deve ser
participativa e aberta, sendo importante por si mesmo, pois possibilita a
reflexão e a definição de um caminho próprio para aperfeiçoar o trabalho
pedagógico e social das instituições.
- CENSO ESCOLAR 2011
Mais
crianças foram matriculadas na Educação Infantil, com o aumento no número de
alunos que conseguiram ultrapassar os anos iniciais do Ensino Fundamental e
queda no número total de matriculados na Educação Básica. Tudo isso distribuído
em quase 200 mil estabelecimentos de ensino, onde mais de 50 milhões de alunos
têm aulas com cerca de dois milhões de professores.
Os dados
do Inep revelam uma diminuição de 577 mil matrículas na Educação Básica entre 2011 e 2010 – o que
significa uma queda de 1%. A interpretação que o órgão deu ao decréscimo é a
acomodação do sistema, com melhoria nos índices da distorção idade-série do
Ensino Fundamental.
Ano
|
Total Geral
|
Rede Pública
|
Rede Privada
|
|||
Total
|
Federal
|
Estadual
|
Municipal
|
|||
2007
|
53.028.928
|
46.643.406
|
185.095
|
21.927.300
|
24.531.011
|
6.385.522
|
2008
|
53.232.868
|
46.131.825
|
197.532
|
21.433.441
|
24.500.852
|
7.101.043
|
2009
|
52.580.452
|
45.270.710
|
217.738
|
20.737.663
|
24.315.309
|
7.309.742
|
2010
|
51.549.889
|
43.989.507
|
235.108
|
20.031.988
|
23.722.411
|
7.560.382
|
2011
|
50.972.619
|
43.053.942
|
257.052
|
19.483.910
|
23.312.980
|
7.918.6
|
Figura 3 Quadro Diagnostica em números
absolutos com relação à Educação Infantil de acordo com o MEC/Inep/Deed.
De acordo com os dados houve o aumento no
atendimento da Educação Infantil, de 3,3% que foi impulsionado essencialmente
por creches, que apresentaram um crescimento de 11% entre 2010 e 2011. Essas
unidades, que atendem crianças na faixa dos 03 anos de idade, receberam 234 mil
novos alunos em 2011.
Já a taxa
da Pré-Escola permaneceu praticamente estagnada a diminuição foi de 0,2%.
Segundo o Inep, isso ocorreu por conta da implantação do Ensino Fundamental de 09
anos, que passou a receber alunos de 6 anos no 1º ano – idade que, até então,
as crianças freqüentavam a Pré-Escola.
- EDUCAÇÃO EM SANTANA/AP EM NÚMEROS ESTATÍSTICOS
Os
resultados apresentados no quadro abaixo se referem à matrícula inicial na
Creche, Pré-Escola, Ensino Fundamental das redes estaduais e municipais,
urbanas e rurais em tempo parcial e integral e o total de matrículas nessas
redes de ensino.
Unidades da Federação Municípios
Dependência Administrativa |
Matrícula inicial
|
|||||||
Ensino Regular
|
||||||||
Educação Infantil
|
Ensino Fundamental
|
|||||||
Creche
|
Pré- escola
|
Anos Iniciais
|
Anos Finais
|
|||||
Parcial
|
Integral
|
Parcial
|
Integral
|
Parcial
|
Integral
|
Parcial
|
Integral
|
|
SANTANA
|
||||||||
Estadual
Urbana
|
0
|
0
|
0
|
0
|
4.391
|
343
|
6.326
|
550
|
Estadual
Rural
|
0
|
0
|
0
|
0
|
1.147
|
17
|
964
|
6
|
Municipal
Urbana
|
51
|
0
|
1.660
|
0
|
3.160
|
582
|
706
|
25
|
Municipal
Rural
|
19
|
0
|
281
|
0
|
690
|
0
|
121
|
0
|
Estadual
e Municipal
|
70
|
0
|
1.941
|
0
|
9.388
|
942
|
8.117
|
581
|
Figura 4 Números do Censo
Escolar 2011 com relação ao Município de Santana
Os números apresentados no quadro acima são
divergentes com relação aos repassados pela Secretaria do Município que em
números absolutos atende 1812 alunos em sua rede de educação infantil
já para o Censo Educacional de 2011 é de 1941 uma diferença de 129 alunos que
são atendidos pelo governo Estadual de acordo com informações da própria
Secretaria do municipal.
Este atendimento por parte do Estado
se dá por meio de convênios com instituições do terceiro setor que tem seu
funcionamento fiscalizado pelo Conselho Municipal de Educação e Secretaria
estadual de Educação com relação as suas condições de funcionamento, estrutura
física, corpo técnico e docente (que são cedidos pelo Governo Estadual). Vale esclarecer
que fui conhecer as escolas para conferir os dados referentes a estas
instituições e ainda realizar uma visita para verificar em loco, mas não tive
um bom êxito devido à greve dos professores.
Em um diálogo com um dos coordenadores do
movimento grevista o professor Geovandro Sérgio que atua na Rede Estadual de
Ensino de Educação Infantil desde 2010 destacou dois pontos que estão
relacionados às dificuldades enfrentadas pelos educadores que atendem estes
alunos.
A primeira, esta relacionada ao fato
de que a rede Estadual de Ensino não possui atualmente uma política pedagógica
para atender estudantes nesta faixa etária ocorrendo assim, uma falta de
compromisso que termina por prejudicar todo o desenvolvimento educacional do futuro
da criança.
A segunda, esta relacionada a não
oferta satisfatória do programa de formação superior Plataforma Freire que se
destina a professores que atuam na Educação Infantil e Ensino Fundamental
apenas com a qualificação técnica em magistério e tem por obrigação legal fazer
o curso de Pedagogia o que além de garantir uma melhor qualificação ao
profissional assegura ainda a sua progressão e por conseqüência um ganho
salarial.
5. EDUCAÇÃO INFANTIL ESCOLA MODELO
Vamos tratar da Educação Infantil em números
absolutos, onde atende de acordo com a Secretaria do Município 1812 alunos em
08 creches e 5 anexos, em especial vamos destacar referencialmente a Escola de
Educação Básica Prof. Mauro Cezar da Silva Correia.
A instituição de ensino
atende 225 estudantes distribuídos em uma turma com 25 crianças de 03 anos de
idade para o maternal, funcionando em período integral com acompanhamento de
professor auxiliar e enfermeiro. E oito turmas divididas no período da manhã e
tarde, com 100 vagas para o primeiro período (quatro anos) e 100 vagas para o
2º período (cinco anos).
A creche é a maior unidade
já construída para o atendimento infantil no município e conta com cinco salas
de aula, bloco administrativo, sala de atendimento médico, refeitório e uma
área de lazer com playground.
Sendo que de acordo com
informações prestadas pela Acessória Técnica da Prefeitura até o final deste
ano serão inauguradas mais duas unidades escolares para atender os moradores do
Parque das Laranjeiras e outra no Distrito do Igarapé da Fortaleza.
CONCLUSÃO
A educação no Brasil
quando parte de números estatísticos se mostra um desafio para qualquer
política educacional diante das diversidades e desigualdades sociais que não
são sanadas somente com projetos de expansão com aumento de recursos garantidos
pela emenda constitucional 59/2009, seja do ponto de vista legal ou com a
aprovação do Plano Nacional de Educação a questão não se restringe somente a
estes dois fatores, pois como esta pesquisa buscou demonstrar evidenciando a
necessidade que se tem de quebrar certos paradigmas culturais e sociológicos de
um preconceito existente que estabelece a educação infantil não como política
educacional mais como um local onde os pais deixam seus filhos para poder
trabalhar em relação ao ambiente escolar, este deve ainda propiciar as crianças
o melhor ambiente que possa garantir o desenvolvimento para um aprendizado sem
traumas ou prejuízos para o seu desenvolvimento, seja este cognitivo ou senso
motor e ainda deve ser garantido um convívio social entre os alunos no primeiro
ambiente fora do lar para que estes possam iniciar assim seu processo de
conhecimento de uma nova realidade.
Outro aspecto importante destacado na pesquisa
são os dados apresentados por órgãos oficiais inicialmente no que se refere às
metas a serem alcançadas com relação a estas políticas publicas o que demonstra
que as autoridades tem uma noção técnica do problema e sabem como chegar a
solução através de investimento estrutural e de seu corpo docente, pois uma
educação de qualidade não se faz apenas
com estrutura, mas com professores motivados na prática educativa em especial
na educação infantil. E neste particular
o profissional que já esta atuando não tem por parte do poder público um
incentivo para uma formação continuada tendo em vista que a prioridade de oferta de vagas é
preferencialmente dedicado aos servidores que atendem no ensino fundamental
pois esta tem legalmente caráter obrigatório.
Mesmo com todos
estes entraves, no entanto houve maior oferta de vagas em 2011 de acordo com
pesquisas do MEC, o que demostra a viabilidade deste Sistema Educacional com
relação as séries iniciais, pois a criança preparada não fica redida na
educação fundamental o que demostra que a Educação Infantil tem um papel inprecindível na formação do aluno e deve ser de fato
prioridade absoluta já que atende o futuro do Brasil.
Neste particular
do município de Santana os números comprovam um atendimento insuficiente, pois
muitas crianças ainda estão fora da sala de aula nesta faixa etária específica
e de acordo com os números apresentados o Estado participa ainda com
complementação atendendo este público mesmo que de forma meio as aversas, do
ponto de vista pedagógico. Vale ressaltar, que a escola de ensino Mauro Cesár
pode ser considerada modelo provando que a educação não se faz apenas com
números mas com realizações públicas, onde de fato a criança não represente
apenas o futuro do Brasil mas antes de tudo, o seu presente.
Espero com este trabalho espirar os entusiastas da educação
na crença perene de que o futuro se faz hoje através de transformações sociais
que só são possíves com a educação.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
GEOVANDRO, Sérgio.Educação Infantil na Rede Estadual. Santana,
01 jul.2012 Registro do Movimento Grevista dos Professores. Entrevista
concedida a Valdenise Santos da Silva.
LATTIES, Sylvana. Números da Educação em Santana. Santana, 20 jun.2012. Coordenadora de
Assuntos Educacionais da Secretária de Educação do Município de Santana.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Censo 2011, disponível em <http//www.censo2011/inep.gov.br>.
Acesso em: 23 junho 2012.
TIBA,
Içami. Ser Feliz In: Quem Ama Educa:
Formando cidadãos éticos. Ed. Atual. São Paulo, 2007. p. 86 – 91.
Por: Valdenise Santos da Silva
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