Na busca
por estabelecer uma relação com o outro se percebe o quanto as sociedades
atuais estão se dividindo por motivos de: crescimento populacional, classe
econômica e escolaridade que em muitos casos recebem a nomeação de sociedade
alienada, sejam no que se refere à vida privada que cada um tenta se
oportunizar através das tecnologias ou em sociedade enquanto parte de um grupo,
mas não perto o bastante para adquirir um hábito comunitário.
A
uma maneira mínima como se forma precariamente as comunidades, não espontâneas,
mas sim, estratificada de comportamentos, levando cada um a ignorar a vida comunitária
utilizando-se de muros, grades, câmeras e cachorros. Nessa tentativa de manter
contatos e ao mesmo tempo se ‘proteger’ a pessoa acaba optando por uma inevitável
solidão; a relação com o outro que esta fora de nossos círculos torna-se
momentânea e ineficiente para a pessoa enquanto si, diferentemente da do convívio
familiar e do círculo social.
O
fenômeno que ocorre nessas ‘relações’ não faz o ser humano desistir da sua busca
de construir linguagens e por isso o torna presa fácil para meios de
comunicação e relacionamentos rápidos e distantes que através dessa busca não é
alcançado objetivos satisfatórios, mas preenche a solidão do momento. O próprio
relacionamento entre casais não é mais um caminho para um compromisso ‘feliz e
cheio de amor’ rsrs ou por uma valorização da emoção e do coração como propunha
o Romantismo. Não agora o que sobreviveu foi o anti-humano e indiferente,
voltado unicamente para o fator status. Na contemporaneidade a garantia de
aceitação social em uma zona de conforto esta no ter e não no ser, esta visão
econômica é dominante hegemonicamente do ponto de vista das relações mínimas de
convívio humano e de caráter fica em perspectiva secundária o que prevalece é o
sucesso profissional que consequentemente torna um homem produto de si mesmo
que busca sempre se qualificar profissionalmente e desta maneira agregar valor
a si não no que se refere ao humano, mas sim a sua careira.
Com
isso o resgate do sentimento de comunidade através das religiões que com seus
rituais congrega e eleva humildemente a busca por valores não terrenos, em
especial o cristianismo, que se vale de uma igualdade que a todos acolhe sem
exigências ou arrogâncias de parte a parte onde a prevalência não é o egoísmo,
mas um coletivo. Por exemplo, como se dá no momento de uma refeição familiar que
tem um significado mais íntimo e próximo, resgatando e reativando as afeições,
onde todos falam de sentimentos e momentos de cada membro da família,
proporcionando assim um ambiente de contatos e organização comunitária.
Diferentemente disso, esse ambiente não é visto em todas as famílias e muito
menos em lugares de grande número de pessoas, pois os lugares, a maneira como
estão distribuídos não facilitam a aproximação das pessoas e por outro lado até
mesmo por temor e insegurança as pessoas não se permitem tal aproximação.
Para exemplificar como esta relação da religião
com o ato de sentar-se a mesa propicia um momento único e oportuno para
transmitir suas mensagens de crenças em rituais, seja de maneira direta ou não sutilmente
é introduzido conceitos e de forma abstratas, como o simbolizado com o pão
representando o corpo de Cristo e o vinho representando seu sangue, isto em uma
perspectiva ocidental de como os religiosos tem na ceia cristã a fraternidade
sem medo e estranhamento.
Suponhamos
que exista um lugar onde as normas de convívio são estabelecidas pelo pensar
religioso, onde o que prevalece não é um diálogo vazio, mas sim humano, onde as
angústias transparecem sem medo e é este o ambiente que transmite a ideia de
comunidade contemporânea que as religiões querem passar para as sociedades,
onde não prevalece à compreensão em cima da divisão de classes, castas e elites,
mas que religiões como o Cristianismo, Judaísmo e Budismo resgatam o sentido de
fraternidade e humildade que são pilares de uma comunidade.
O
Judaísmo tem no perdão em especial a busca da pacificação social pedindo
desculpas por tudo que tenha sido feito contra o outro. Em um dia específico, o
dia do perdão tanto quem pede quanto quem concede o fazem de forma honesta e
verdadeira; perdoar não é simplesmente um ato isolado, mas desencadeia uma série
de atitudes onde a culpa deve ser esquecida, pois o humano é imperfeito e sendo
assim o perdão tem como fonte a divindade perfeita de Deus. No entanto, se for
analisado unicamente do ponto de vista da racionalidade são todos os
simbolismos do dia do perdão que leva quem o pratica a sentir-se assim com a
capacidade de perdoar e não um ato próprio da pessoa.
Quando
se analisa a questão do que se sente com relação ao perdão e a maneira como se
lida com ele esta ligado a não querer expor de fato o que se sente, pois isto
expõe as fragilidades e sensibilidades individuais.
Por: Valdenise Santos da Silva
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